Translate

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Plêiades - M45 - NGC1432.



As Plêiades são um conjunto de estrelas e  fazem parte da constelação do Touro. São conhecidas, popularmente, como as 7 irmãs ( interior do Brasil), ou Subaru, no Japão. 
Estão catalogadas como um aglomerado aberto e recebeu de Charles Messier o número 45, mais conhecido como M45 ou Messier 45, num catálogo que vai até 110. No catálogo NGC é o NGC 1432.
Este belo aglomerado aberto é visível a olho nu, até mesmo de uma cidade com alto nível de poluição luminosa e atmosférica como São Paulo. Num local escuro, afastado das grandes cidades, a visão é emocionante e se consegue contar, com facilidade,  6 estrelas, das 7 principais. Algumas pessoas conseguem visualizar as sete  estrelas sem auxílio de equipamentos ópticos.
M45 nos presenteia com uma linda visão usando telescópio, mas o conjunto telescópio/ocular deve  permitir um campo de visão acima de 2° de arco (quase 4 luas cheias), para que o aglomerado fique dentro do campo de visão do equipamento e o observador consiga observar, ao menos, suas componentes principais. Mas, definitivamente, é através de um binóculo que  toda a beleza deste aglomerado se revela. A visão das Plêiades através de um binóculo é algo magnífico, fantástico e verdadeiramente emocionante, mesmo para os mais experientes, não sendo raras, numa primeira observação, lágrimas inesperadas, suspiros, risos, interjeições de alegria, surpresa, emoção e admiração.
Abaixo o desenho de M45 em detalhe. O desenho foi confeccionado a partir das imagens de  um binóculo 8x56 da marca Octans, do amigo Leandro Trevisan. Usei também um tripé no qual acoplei o binóculo  a fim de estabilizar a imagem e manter as mãos livres para os registros.


Nem todas as estrelas representadas neste desenho fazem parte de M45, algumas estão distantes, não sendo possível, apenas no visual, determinar quais estrelas não fazem parte do objeto em questão. É necessário  um trabalho científico para  determinar quais estrelas são ou não do aglomerado, trabalho executado usando astrofotografias. Sinceramente não sei é possível usando astrodesenho.


                     

Neste astrodesenho usei papel Canson 210g/m2 cor creme A4, lápis HB, B, 2B, 6B e 8B da marca Staedtler, modelo Mars Lumograph, lapiseira Pentel 0.7 e 0.9, borracha Staedtler Mars plastic e caneta borracha Mono knock 3.8 marca TOMBO com ponta feita por um estilete OLFA A-5. Usei também prancheta para papel A4, compasso Basic Staedtler com grafite 2B e lanterna Mag light com papel celofane vermelho em 4 camadas.


Após o desenho pronto, fiz a digitalização. Usando o software GIMP, inverti as cores do campo de visão do binóculo criando um efeito que imita ou tenta imitar a visão obtida na observação. O campo de visão deste desenho não está na escala correta. Tive que diminuir um pouco para que a representação do campo de visão coubesse nas margens do desenho e mantivesse alguma estética. 



A nebulosidade que aparece no desenho, no campo de visão do binóculo ( depende do monitor usado e do ângulo de visão), não foi proposital e nem é fruto de observação com o binóculo, é apenas alteração da cor após a inversão de cores pelo GIMP e o uso de limpa tipos e borracha que acabam marcando o papel. No desenho original é imperceptível, mas quando inverti as cores surgiu essa "nebulosidade", favor desconsiderar. Porém, em astrofotografias com muito tempo de exposição e um bom processamento aparece uma nebulosidade,  mas segundo pesquisas recentes , esta nebulosidade não está relacionada à formação das estrelas de M45, mas sim à uma nuvem de poeira que está  atravessando o aglomerado.

M45 possui mais de 100 estrelas, porém apenas 9 delas, as mais brilhantes , receberam os nomes das Sete Irmãs da Mitologia Grega, a saber: Electra, Celaeno, Taygeta, Maia, Merope, Aterope e Alcyone, mais o nome de seus pais: Atlas e Pleione.


Cred: Anglo-Australian Observatory/Royal Observatory Edinburgh.


Dados de M45 ( Plêiades):
  • Aglomerado estelar aberto;
  • M45, NGC1432;
  • Ascensão reta: 3h 47min;
  • Declinação: +24° 7';
  • Distância: +/- 440 mil anos luz ;
  • Magnitude aparente: 1,6;
  • diâmetro linear: 12 mil anos luz,
  • Tamanho aparente: 110' ( minutos de arco), ou 1° 50' de arco.

Tipo espectral e magnitude das 9 principais estrelas de M45:
  • Electra B5 - Mag.  3.7;
  • Celaeno B7 - Mag. 5.4,
  • Taygeta B7 - Mag. 4.2 ;
  • Maia B9 - Mag. 3.8;
  • Merope  B5 - Mag.4.1 ;
  • Aterope  B9 5.6 e 6.4  ;
  • Alcyone B7 - Mag. 2.8 ;
  • Atlas B9 - Mag. 3.6;
  • Pleione B8 - Mag. 5.


Como achar as Plêiades:



À noite, procure um local mais escuro possível, evitando postes de luz, ou qualquer outra fonte luminosa. Pode ser um quintal, atrás de um muro que bloqueie a luz direta, etc.

Inicialmente não use nenhum tipo de equipamento óptico, apenas seus olhos.

Se possível, leve uma carta celeste referente ao período que vai fazer a busca do objeto. Para conseguir a carta celeste acesse a aba planejamento e clique em Sky Maps e imprima a carta celeste referente ao seu local de observação, geralmente é a terceira de cima para baixo.

Você pode treinar antes usando os softwares Stellarium ou o Cartes du Ciel.

1. Olhe para o céu aberto, do verão, e localize as 3 Marias ( cinturão de Orion, o gigante caçador);

2. Após localizar as 3 Marias, trace uma linha imaginária de forma que esta linha passe pelas 3 estrelas formando um segmento de reta. Quase que alinhada com essa linha imaginária temos  uma estrela alaranjada e uma estrela muito brilhante que se destaca no céu . Mire sua atenção na estrela alaranjada, deixe esta "branca e brilhante" para outra oportunidade. O nosso alvo, a estrela laranja quase alinhada com nosso segmento de reta é Aldebarã, a estrela principal da constelação do Touro ( alfa tauri ). Num céu escuro você vai perceber que ela faz parte de um V de estrelas ( aglomerado das Híades).

3. Após localizar as 3 Marias, traçar a linha imaginária e localizar  Aldebarã, continue a linha imaginária até sua visão identificar uma "mancha" ( grandes cidades), o que após segundos, acostumando a visão,  se transformarão em um punhado de estrelas ou num grupinho de pequeninas estrelas ( num céu mais escuro). Esta manchinha ou pequeninas estrelas próximas são as Plêiades.

Partindo das 3 Marias , passando por Aldebarã, e chegando nas Plêiades temos quase uma linha reta. Não é difícil localizar, basta persistência.






Plêiades/M45  numa representação de parte de  uma prancha de um Atlas Celeste.





As Plêiades na história humana, curiosidades:

Há muito tempo, desde os primórdios o Homem tem uma estreita relação com as Plêiades, seja na sua cultura, seja na religião ou na descrição de fatos históricos. Muitos povos, como Chineses, Persas, Maias, Astecas dentre outros, conheciam as Plêiades e deram nomes diversos ao aglomerado.

Uma representação, bastante curiosa, das Plêiades,porém com significados incertos,  é o Nebra Sky Disc. Um disco de bronze com pátina verde que parece representar o céu da localidade em determinada época , e acredita-se que o aglomerado de pontos dourados na parte superior direita da figura, seja a representação das Plêiades.
O disco foi encontrado perto de Nebra, Alemanha, e foi datado de 1600 a.C., talvez da Idade do Bronze



Homero  ( 800 a 700 a.C.), em sua Obra Ílíada (+/- 750a.C. sobre a guerra de Tróia), registrou, provavelmente pela primeira vez, documentalmente, a existência de dois aglomerados abertos em Touro, Plêiades e Híades. Depois, na obra Odisséia, citou mais uma vez as Plêiades.

Hesíodo (740-670 a.C.), poeta grego, também cita as Plêiades em sua obra: "Os trabalhos e os dias", também conhecida como "As obras e os dias" ( 720 a 700 a.C.).

Em algumas linhas, o poeta mostra  a íntima relação do dia- a-dia do ser humano com o céu noturno. Hesíodo,  conta  a seu irmão que, com o  aparecimento das Plêiades no céu noturno, do hemisfério norte (maio),  é hora de iniciar o plantio e depois,  quando as Plêiades estiverem se pondo no oeste após o anoitecer ( novembro), é hora de iniciar a colheita.


Na Bíblia temos referências às Plêiades:

Jó 9:7-9

" 1. Então Jó respondeu:
  (...)
  7. Fala com o sol, e ele não brilha; ele veda e esconde a luz das estrelas.
  (...)
  9. Ele é o Criador da Ursa e do Orion, das Plêiades e das constelações do sul. (...)"


Jó 38:1-3, 31 e 32.
   "1. Então o Senhor respondeu a Jó do meio da tempestade e disse:
   2. Quem é esse que obscurece o meu conselho com palavras sem conhecimento?
   3. Prepare-se como simples homem; vou fazer perguntas a você, e você me responderá. (...)
   (...)
   31. Você pode amarrar as lindas Plêiades? Pode afrouxar as cordas de Orion?
   32. Pode fazer surgir no tempo certo as constelações ou fazer sair a Ursa com seus filhotes? (...)"


Muitos cientistas antigos registraram as Plêiades, mas Galileu Galilei representou, de maneira ímpar, o aglomerado brilhante em seu famoso Livro, Siderius Nuncius. Ver gravura abaixo:



As Plêiades, talvez, por sua beleza, sempre instigou a mente humana e acabou fazendo parte da caminhada do ser humano ao longo do tempo e até hoje nos fascina, seja a olho nu, binóculo ou telescópio e é quase impossível dissocia-la da mitologia, algo enraizado em nossa mente após milênios de adoração e admiração.

Agradeço ao amigo Rogério P. Moraes pela revisão e incentivo e ao amigo Ariel P. Souza pelas dicas e incentivo constante.



                                                                  **************


Fontes:

Sites:

The encyclopedia of cience

Mais informações sobre M45 - SEDS - The Messier Catalog

Wikipedia - Plêiades


Livros:

Astronomia,  Ian Ridpath, Guia Ilustrado Zahar. 3ª Ed. pág. 172-173.

Descobrindo o Universo, Neil  F. Comins e William J. Kaufmann III. Editora Bookman, oitava edição. Em português.

Sky & Telescope Pocket Atlas. Roger W. Sinnott.

Uranometria 2000.0,  Volumes 2 e 3.




2 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal seu blog, desenhos muito bonitos, mas, uma pequena correção quanto a orientação deles,
Quando você está de frente para o sul, a sua esquerda estará o leste e não oeste como nos desenhos!

Grande abraço!

Rabiscando o Universo. disse...

Muito obrigado pelo elogio e observação.
Desculpe, mas ao meu ver a orientação está correta. O aglomerado aberto das Plêiades não é voltado para o Sul. Na data da Observação o aglomerado estava após o meridiano, uns 40 graus de altura, se não me engano, e é um objeto da Cosntelação de Touro, constelação essa que surge no lado Leste do horizonte, percorre a faixa da eclíptica e se põe no Oeste, portanto não há que se falar em estar voltado para o Sul.
Grande abraço.