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sábado, 22 de fevereiro de 2020

Transformando uma equatorial EQ1 em alta-azimutal.

Quem tem uma montagem equatorial germânica (e a usa corretamente),  sabe das dificuldades para o alinhamento com o PCS ( Pólo Celeste Sul), principalmente para a astrofotografia.

Mas alguém vem e pergunta: "-Para quê preciso alinhar minha montagem equatorial com o Pólo Sul Celeste (PSC)?". A resposta é muito simples, para que a montagem faça o acompanhamento do "movimento da esfera celeste, do céu, quando movimentarmos as manoplas de ajuste ou utilizarmos motores que automatizam essa operação, a fim de quê  possamos, com facilidade, deixar o objeto a ser observado ou fotografado dentro do campo de visão da ocular, pois a montagem equatorial acompanhará a "movimentação da abóbada celeste". 

Alinhar a montagem equatorial com o PCS não é uma tarefa muito simples,  é necessário bastante treinamento e conhecimento técnico para obter bons resultados. 
O problema todo está relacionado com a  região da estrela polar do PCS.
Na verdade o PCS não é exatamente o local onde está a estrela sigma octantis ( Sigma octantis e uma estrela de  magnitude 5.6 localizada na constelação do Oitante.),  e sim uma região  bem próxima, porém uma região sem muitos referenciais dificultando bastante o alinhamento preciso. O alinhamento preciso é fundamental para aqueles que querem realizar astrofotografia.
  
Já no hemisfério norte a história é outra. No hemisfério norte o PCN é de fácil localização, pois a referência é a brilhante  estrela polar,  ursae majoris ( alpha  da constelação da Ursa maior), de magnitude 1.8. Isso facilita demais o trabalho deles lá em cima, pois a estrela é vista até em locais de muita Poluição Luminosa.

A montagem  equatorial germânica EQ1, que é a que eu uso,  é acoplada num tripé de alumínio e este conjunto sustenta um telescópio Maksutov 90mm da Skywatcher com cerca de 1 kg mais 1kg entre buscadora, diagonal e ocular. O contrapeso desta montagem tem, mais ou menos, 3kg . 

São os contrapesos que dão equilíbrio à montagem de forma que os motores e engrenagens trabalhem direitinho no acompanhamento do movimento diurno do céu.


Para equilibrar o sistema basta ajustar a posição do contrapeso na haste e apertar o parafuso de fixação para manter o contrapeso no lugar correto.
Em montagens maiores os contrapesos e a haste são enormes e pesadíssimos, algumas montagens grandes possuem contrapesos com 5kg  cada. Na EQ6 da Skywatcher , por exemplo,  possui mais de um contrapeso de 5kg. 





 É comum chamarem o conjunto da montagem +tripé de tripé ou vice-versa, mas é incorreto. Montagem é uma coisa e tripé é outra.

Na foto abaixo eu identifiquei a montagem ( e suas partes principais) , o tripé, o telescópio e seus acessórios básicos.





 Nesta montagem, EQ1, não existe o parafuso de azimute, que seria parecido com o parafuso de latitude, conforme mostra a figura acima. É uma montagem muito simples, sem requinte nenhum, mas cumpre seu papel direitinho.

Para ajustar o azimute, basta soltar um pouco o parafuso que prende a montagem no tripé e girar para o azimute da estrela polar, a partir do seu local de observação.

O parafuso de latitude é para o ajuste da latitude do lugar onde está observando.

Ajustando o azimute e a latitude do lugar, sua montagem estará quase alinhada com o PCS, bastando apenas alguns ajustes finos usando o auxílio da ocular e da buscadora.

Para uma observação ou astrodesenho, não é necessário ser tão criterioso com o alinhamento, pois dá para ir ajustando quando necessário. Já para a astrofotografia, o alinhamento tem que ficar o mais próximo possível da perfeição, ajudando bastante na obtenção de uma boa fotografia do objeto celeste.


Transformação:

Problemas da EQ1 no meu local de observação, motivando a alteração para alta - azimutal:

1. Um problema da equatorial germânica é a haste e seus pesados contrapesos. Eles são pesados, difíceis de transportar, chato de montar e desmontar , principalmente as hastes e contrapesos de equatoriais germânicas maiores. 

2. Outro problema da equatorial para quem tem pouco espaço , é que a haste e os contrapesos costumam bater em obstáculos como parapeitos, grades de  terraços e etc, dependendo do espaço que a pessoa tenha em casa e dos obstáculos para acessar o céu, uma equatorial pode se tronar um tormento. Analise bem o seu principal local de observação para determinar qual a melhor montagem a ser utilizada.



Passos da transformação:


Visão geral do sistema com a montagem equatorial germânica na sua configuração básica:




Detalhes da montagem equatorial germânica:




Retirada da haste e do contrapeso:




Retirada do parafuso de ajuste da latitude do lugar:




Transformação do Eixo de Ascensão Reta em Eixo Azimutal ( azimute), e consequentemente transformação do eixo de Declinação em Eixo da Altura:



Visão ampla do novo sistema:





 Vantagens da montagem alta-azimutal

 A primeira grande vantagem que vejo nessa pequena alteração é que o observador ganha mobilidade e elimina o problema de obstáculos, parapeito de janelas, terraços, grades e etc.

 Outra grande vantagem é que caso você queira transportar o conjunto de telescópio, montagem e tripé, usando uma mochila, você deixará de carregar quase 4 quilos.

 Mais uma vantagem é que essa modificação mantem as características originais da montagem original e , caso você queira usar a montagem como equatorial ou vende-la, basta voltar tudo o que era.

A montagem alta-azimutal evita algumas posições bizarras do observador quando ele usa uma equatorial. 
Dependendo da posição do objeto no céu a equatorial deixa o telescópio catadióptrico numa posição muito desconfortável para observação, necessitando, algumas vezes, se ajoelhar no chão, entortar a coluna para um lado o pescoço para outro e mesmo assim a observação não se dá satisfatoriamente, e se o espaço for pequeno é um exercício de contorcionismo.

A observação com uma montagem alta-azimutal junto com um telescópio catadióptrico é bastante confortável  e ágil na procura de objetos celestes.

 Não gastar dinheiro com uma alta-azimutal é uma boa vantagem também.



Vantagem da montagem equatorial

 Após a montagem equatorial estar bem alinhada com o PCS, o observador precisa movimentar apenas uma manopla a da Declinação. Já a alta azimutal é necessário movimentar a manopla do azimute e a da altura para manter o objeto no centro da ocular. Não é uma grande desvantagem, levando-se em conta a dificuldade  e o tempo despendido para o alinhamento da montagem com o PCS.

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Observações:


A ideia aqui é apenas mostrar a adaptação de uma montagem equatorial EQ1 numa alta-azimutal.

Não sei se é possível fazer o mesmo em outras montagens equatoriais germânicas. Talvez na EQ2 dê, pois são bem parecidas, diferindo apenas no tamanho ( a EQ2 parece ser o dobro do tamanho da EQ1).

Eu citei alguns termos como: Pólo Celeste Sul, Pólo Celeste Norte, Hemisfério Sul, hemisfério Norte, Ascensão Reta, Declinação, Azimute, Altura, latitude do lugar e movimento Diurno da Terra. Peço, portanto, que os interessados no assunto consultem seus professores ou colegas,  astrônomos amadores ou profissionais para elucidação destas dúvidas. Explicar cada ponto citado deixaria o tópico enorme e sairia do foco da proposta, que é mostrar a transformação de uma coisa em outra.

Deixo aqui como sugestão de leitura os seguintes sites:

A esfera celeste - UFRGS (Prof. Kepler e Profa. Maria de Fátima)

Coordenadas Celestes - UFPR

Sistema de Coordenadas - UFRGS ( Prof. Kepler e Profa. Maria de Fátima)

Tipos de telescópios, tipos de montagens e assuntos relacionados

Estrelas circumpolar - Wikipedia

Poluição Luminosa - Excelente trabalho de Roberto F. Silvestre

Grandezas e Magnitude 

Comprando o primeiro telescópio

Onde comprar telescópios